segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Súmulas Vinculantes

Súmula nº 1 – Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de termo de adesão instituído pela Lei Complementar nº 110/2001.

Súmula nº 2 – É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

Súmula nº 3 – Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

Súmula nº 4 – Salvo os casos previstos na Constituição Federal, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.

Súmula nº 5 – A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. [Obs.: tal súmula foi aprovada em 07/05/2008. No âmbito do STJ, anteriormente havia sido aprovada a Súmula nº 343: “É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar”.

Súmula nº 6 – Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.

Súmula nº 7 – A norma do § 3º do art. 192 da Constituição, revogada pela Emenda Constitucional 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicabilidade condicionada à edição de Lei Complementar.

Súmula nº 8 – São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.

Súmula nº 9 – O disposto no artigo 127 da Lei 7.210/84 foi recebido pela ordem constitucional vigente e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58.

Súmula nº 10 – Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

11ª Súmula Vinculante do STF limita o uso de algemas a casos excepcionais

11ª Súmula Vinculante, consolidando jurisprudência da Corte no sentido de que o uso de algemas somente é lícito em casos excepcionais e prevendo a aplicação de penalidades pelo abuso nesta forma de constrangimento físico e moral do preso.

O Tribunal decidiu, também, dar a esta e às demais Súmulas Vinculantes um caráter impeditivo de recursos, ou seja, das decisões tomadas com base nesse entendimento do STF não caberá recurso.É a seguinte a íntegra do texto aprovado: “Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.AbusoA decisão de editar a súmula foi tomada pela Corte no último dia 7, durante o julgamento do Habeas Corpus (HC) 91952. Na ocasião, o Plenário anulou a condenação do pedreiro Antonio Sérgio da Silva pelo Tribunal do Júri de Laranjal Paulista (SP), pelo fato de ter ele sido mantido algemado durante todo o seu julgamento, sem que a juíza-presidente daquele tribunal apresentasse uma justificativa convincente para o caso.No mesmo julgamento, a Corte decidiu, também, deixar mais explicitado o seu entendimento sobre o uso generalizado de algemas, diante do que considerou uso abusivo, nos últimos tempos, em que pessoas detidas vêm sendo expostas, algemadas, aos flashes da mídia.A súmula consolida entendimento do STF sobre o cumprimento de legislação que já trata do assunto. É o caso, entre outros, do inciso III do artigo 1º da Constituição Federal (CF); de vários incisos do artigo 5º da (CF), que dispõem sobre o respeito à dignidade da pessoa humana e os seus direitos fundamentais, bem como dos artigos 284 e 292 do Código de Processo Penal (CPP) que tratam do uso restrito da força quando da realização da prisão de uma pessoa.Além disso, o artigo 474 do Código de Processo Penal, alterado pela Lei 11.689/08, dispõe, em seu parágrafo 3º: “Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que permanecer no plenário do Júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes”.Na sessão desta quarta-feira, o ministro Marco Aurélio, relator do HC 91952, levou sua proposta de texto da súmula ao Plenário, e a versão definitiva acabou sendo composta com a colaboração dos demais ministros. Assim, foi incluída no texto do verbete a punição pelo uso abusivo de algemas e também a necessidade de que a autoridade justifique, por escrito, sua utilização.Convidado a se manifestar sobre o texto da súmula, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, lembrou que o controle externo da autoridade policial é atribuição do Ministério Público, função esta, segundo ele, ainda não devidamente compreendida pela sociedade.Ele manifestou a sua preocupação com o efeito prático da súmula sobre a autoridade policial, no ato da prisão, ou seja, que a súmula possa vir a servir como elemento desestabilizador do trabalho da polícia. O procurador-geral lembrou que, muitas vezes, um agente policial tem de prender, sozinho, um criminoso, correndo risco. Lembrou, também, que é interesse do Estado conter a criminalidade e disse que, para isso, é necessário utilizar a força, quando necessário.O ministro Cezar Peluso reconheceu que o ato de prender um criminoso e de conduzir um preso é sempre perigoso. Por isso, segundo ele, “a interpretação deve ser sempre em favor do agente do Estado ou da autoridade”.Por seu turno, o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, disse que a súmula tinha basicamente o objetivo de evitar o uso de algemas para exposição pública do preso. “A Corte jamais validou esta prática, que viola a presunção da inocência e o princípio da dignidade humana”, afirmou. Segundo ele, em geral, a utilização de algemas já é feita com o propósito de violar claramente esses princípios. O objetivo é "algemar e colocar na TV", afirmou. "Ao Ministério Público incumbe zelar também pelos direitos humanos, inclusive propondo os inquéritos devidos", concluiu.Súmula VinculanteO instituto da Súmula Vinculante, criado pela Emenda Constitucional (EC) 45/04, tem o intuito de pacificar a discussão de questões examinadas nas instâncias inferiores do Judiciário. Após sua aprovação – por no mínimo oito ministros e publicação no Diário de Justiça Eletrônico (DJe), a Súmula Vinculante permite que agentes públicos – tanto do poder Judiciário quanto do Executivo, passem a adotar a jurisprudência fixada pelo STF.A aplicação desse entendimento tem por objetivo ajudar a diminuir o número de recursos que chegam às instâncias superiores e ao STF, permitindo que sejam resolvidos já na primeira instância. A medida pretende dar mais celeridade aos processos judiciais, uma vez que podem ser solucionados de maneira definitiva os casos repetitivos que tramitam na Justiça, permitindo que o cidadão conheça o seu direito de forma mais breve.



SúmulaVinculante 12 diz que cobrança de taxa de matrícula por universidade pública é inconstitucional
Por maioria de votos, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceram a inconstitucionalidade da cobrança de taxa de matrícula pelas universidades públicas. A decisão aconteceu na tarde desta quarta-feira (13), no julgamento conjunto de diversos Recursos Extraordinários sobre o mesmo tema. A Corte já havia reconhecido a existência de repercussão geral no tema.
Logo após o julgamento dos recursos, os ministros aprovaram, por unanimidade, a redação da
Súmula Vinculante nº 12: “A cobrança de taxa de matrícula nas Universidades Públicas viola o disposto no artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal”.JulgamentoO julgamento principal foi de um recurso (RE 500171) interposto pela Universidade Federal de Goiás (UFG) contra decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, favorável a sete candidatos que passaram no vestibular daquela instituição de ensino superior. Para o TRF-1, a cobrança da contribuição para efetivação da matrícula dos estudantes seria inconstitucional por violar o artigo 206, inciso IV, da Constituição Federal. Isso porque, para eles, as instituições de ensino oficiais têm a obrigação de prestar ensino gratuito.Entre outros fundamentos, a universidade sustenta que “não se trata de taxa, como espécie de tributo, mas de preço público”. Segundo a instituição, a taxa de matrícula não é cobrada a título de contraprestação pelo ensino público de nível superior, mas sim para tornar efetivo o dispositivo constitucional (art. 206, I) que impõe à sociedade o compromisso de garantir igualdade de acesso e permanência a todos, também, ao ensino superior. Com isso, a instituição vem garantindo a permanência de alunos carentes, com o pagamento de despesas com bolsa, transporte, alimentação, moradia.O ministro Ricardo Lewandowski, contudo, afirmou que a Constituição Federal já obriga que a União aplique 18% de tudo que é recolhido com impostos na educação. Com isso, as despesas apontadas no recurso com alunos carentes, como bolsa, transporte, alimentação, são atendidos por esses recursos públicos.Lewandowski negou provimento ao recurso, lembrando pensamento do ministro Joaquim Barbosa, de que a cobrança de taxa de matrícula é uma verdadeira triagem social baseada na renda, principalmente lembrando que a matrícula “é uma formalidade essencial para ingresso na universidade”.O direito à educação é uma das formas de realização concreta do ideal democrático, frisou o ministro, para quem a política pública mais eficiente para alcançar esse ideal é a promoção do ensino gratuito, da educação básica até a universidade.Não é factível que se criem obstáculos financeiros ao acesso dos cidadãos carentes ao ensino gratuito, concluiu Lewandowski, votando contra o recurso. Ele foi acompanhado pelos ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Marco Aurélio, que formaram a maioria.DivergênciaA ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha votou pela constitucionalidade da cobrança por parte da universidade, lembrando que ela não é obrigatória e fazendo referência explicita ao caso da Universidade Federal de Minas Gerais, que a ministra disse conhecer de perto.Segundo Cármen Lúcia, a UFMG estabeleceu essa “taxa” em 1929, em benefício das pessoas que não podem ter acesso, tendo como base o princípio da solidariedade. Quem não pode pagar, fica isento, ressaltou a ministra.Para a ministra, a educação é um serviço público essencial, mas não existe incompatibilidade desse tipo de cobrança com a Constituição Federal. Ela encerrou seu voto, pelo provimento do recurso, lembrando que, só em 2007, mais de cinco mil pessoas que não poderiam permanecer na UFMG e buscar alternativas para uma vida profissional se beneficiaram do fundo criado a partir da cobrança da taxa de matrícula.Os ministros Eros Grau, Celso de Mello e o presidente da Corte, Gilmar Mendes, acompanharam a divergência, para prover o recurso.Em conjuntoNa mesma oportunidade, os ministros julgaram os Recursos Extraordinários (REs) 542422, 536744, 536754, 526512, 543163, 510378, 542594, 510735, 511222, 542646, 562779, também sobre o tema.

Abraços e bons estudos!!

Um comentário:

Formatura USF Direito 2008 disse...

Historia de Sucesso


Alessandra Requena, de Brasília - DF


Conheci a Alessandra Requena no segundo semestre de 2006, durante um
curso de Direito Constitucional que eu ministrava em Brasília – DF. Pelo
nível das dúvidas que ela me trazia, não foi difícil perceber que ela
estava estudando para valer, e que já estava muito bem preparada.

Lembro de certa noite em que, durante o intervalo da aula, ela se
declarou “especialista em bater na trave em concurso”. Acho que foi
neste dia que eu fiz o meu primeiro comentário sobre a preparação dela,
algo do tipo: “Alessandra, nenhum candidato bate na trave durante muito
tempo; se isso já está acontecendo com você, é porque sua aprovação está
próxima”.

Felizmente, eu estava certo: menos de um ano depois, ela foi aprovada no
concurso que tanto almejava – Analista de Controle Externo do Tribunal
de Contas da União –, em 2º lugar, com uma pontuação altíssima para um
concurso desse nível!

Lembro, também, da nossa conversa, minutos após ela ter feito a prova do
ACE/TCU/2007. Primeiro, ela me deu os parabéns pelo fato de o Cespe/UNB
ter citado a minha obra (Direito Administrativo Descomplicado, em
parceria com o Marcelo Alexandrino) na prova. Depois, ela me disse:
“Vicente, acho que eu passei nesse concurso; nessa prova, um item errado
anula um item certo, mas, Vicente, eu não consegui deixar quase nada em
branco!”

Agora, já trabalhando no Tribunal de Contas da União, em Brasília - DF,
a Alessandra concordou em conceder essa entrevista, no intuito de
repassar a sua experiência de preparação para outros candidatos que
ainda estão na batalha...

*1) Vicente Paulo:* Vamos começar falando de insucesso. Antes do
concurso do TCU, você prestou o certame da Câmara dos Deputados, também
para a área de Tecnologia da Informação. Você me disse que foi reprovada
justamente na parte específica, de informática, em que, em tese, você
deveria ter feito uma boa prova. Como foi essa experiência de ser
reprovada na prova de sua especialidade?

*Alessandra Requena:* Fiquei muito desapontada. Mas, por outro lado, eu
tinha consciência do tanto que tinha estudado e sabia que estava bem
preparada. Tive que encarar essa reprovação como um azar. Caiu muito
“decoreba” e eu nunca fui boa nisso. Aquela prova não mediu os meus
conhecimentos. Por isso não desanimei.

*2) Vicente Paulo:* Antes do concurso da Câmara dos Deputados, você foi
reprovada em outros certames que prestou?

*Alessandra Requena:* O primeiro concurso que fiz foi para Perito
Criminal Federal. Até fui classificada, mas longe do número de vagas
(esse foi o meu primeiro chute na trave). Isso me estimulou a continuar
estudando. Depois, veio o concurso da CGU: fui reprovada em Direito
Constitucional, apesar de ter feito uma ótima prova na minha área. Só
então percebi que o buraco era mais embaixo, que eu ainda precisava
estudar muito disciplinas com as quais eu não estava familiarizada.
Preparei-me um pouco mais e fui aprovada no Banco Central.

*3) Vicente Paulo:* Eu ouço todos os dias em sala de aula candidatos
reclamando da dificuldade que é se preparar para um concurso
trabalhando. Mas, pelo que eu sei, quando você se preparou para o
concurso do TCU, você trabalhava no Banco Central do Brasil. O que você
tem a dizer sobre isso?

*Alessandra Requena:* Eu vivi as duas situações: preparação sem
trabalhar e trabalhando. Para o concurso da Polícia Federal, eu parei de
trabalhar para me dedicar inteiramente aos estudos. Confesso que foi um
desastre, um verdadeiro desastre psicológico! Eu me sentia na obrigação
de passar, pois não tinha mais emprego. Tal sentimento me atrapalhou
muito. Uma prova de concurso público envolve muitas variáveis – estudo,
sorte, tranqüilidade – e não podemos achar que só depende da gente. Não
consegui lidar bem com essas cobranças pessoais e, depois da má
classificação na Polícia, eu decidi voltar a trabalhar e conciliar o
trabalho com os estudos. Estudei para o concurso do Banco Central
enquanto trabalhava na iniciativa privada. Foi bem puxado. Eu estava
recém-casada, não tinha hora de lazer e estudava todos os dias, sem
exceções, das seis da tarde até meia-noite. Os sábados e domingos, eu
passava no cursinho e revisava a matéria. Apesar da dificuldade, eu
sempre pensava que aquilo seria temporário, que era um investimento para
o futuro. Uma vez aprovada no Banco Central, eu tive a oportunidade de
trabalhar em horário corrido. Isso facilitou, pois eu tinha mais tempo
livre e me permitia ir ao cinema no fim de semana, por exemplo. Por
outro lado, o ritmo de estudos se intensificou também, até mesmo porque
o concurso que eu almejava era mais difícil. Olhando para trás, eu digo
que preferi estudar enquanto trabalhava, mesmo que eu tenha levado mais
tempo para chegar onde queria. Senti uma segurança maior, pois me
permiti errar. Caso eu não fosse aprovada, minha vida continuaria do
jeito que estava.

*4) Vicente Paulo:* Você me parece uma pessoa extremamente disciplinada,
determinada em seus projetos. Exemplo dessa determinação foi o fato de
você ter sido reprovada no concurso da Câmara dos Deputados e, poucos
dias depois, já estava se preparando para o TCU. O que é preciso fazer
para ter tanta disciplina?

*Alessandra Requena:* Pergunta difícil, Vicente! O que é preciso fazer?
Eu penso que a hora de batalhar é agora, para usufruir os benefícios no
futuro. E não fico pensando no que eu estou deixando de fazer. Tem que
pensar que é um investimento e que, com certeza, haverá um retorno. Além
disso, o insucesso sempre faz parte do sucesso. Então, a preparação deve
ser encarada como um treino e, a cada dia, estar-se-á melhor. Eu tento
também evitar pensamentos negativos recorrentes, como pensar que eu não
seria aprovada com uma concorrência tão grande. Eu também imagino e
desejo muito o meu objetivo. Vivo intensamente para aquilo que eu quero.

*5) Vicente Paulo:* Você é casada, tem a família, os amigos. Como você
fez para conciliar o convívio familiar e os estudos? Você é do tipo que
se isola do mundo para estudar, ou tenta manter as duas coisas,
paralelamente?

*Alessandra Requena:* Eu me isolo completamente. Acho que é até um
defeito meu. Mas quando eu quero algo, eu deposito toda minha energia
naquilo, sabe? O único espaço que eu deixo é para a família, que eu
julgo ser o mais importante que temos na vida. Mas é pequenino esse
espaço! Eu saía para almoçar com meus pais e minhas irmãs e fazia
programas “light” com meu marido. Nada de barzinho, boate e bebidas.
Isso me atrapalhava no dia seguinte. Amigos até cansaram de ligar,
porque eu sempre tinha que estudar. Eu não consigo manter as duas coisas
paralelamente. O tempo é muito contado.

*6) Vicente Paulo:* Digo sempre em sala de aula: inteligência não é tudo
em concurso; disciplina é o maior diferencial. Você concorda com isso?

*Alessandra Requena:* Plenamente! Concordo porque as questões em
concursos públicos não são para testar se você é um gênio. Passa quem
tem mais conhecimento acumulado, ou seja, quem se mantém estudando. E
isso é disciplina. Eu fui muito disciplinada. Conheço pessoas muito mais
inteligentes que eu que não passaram ainda.

*7) Vicente Paulo:* Você faz o tipo “calma” ou estressada” nos dias que
antecedem as provas? Você usa alguma técnica para manter o equilíbrio
nesse período?

*Alessandra Requena:* Eu faço o tipo “estressada” total! Que o diga o
meu marido... Se a prova for de manhã, eu não consigo dormir, porque
acho que não conseguirei acordar. Isso é uma loucura! Fico muito nervosa
na véspera e isso já me atrapalhou bastante. Eu tenho certeza que passei
no TCU tão bem classificada porque eu estava muito tranqüila no dia da
prova. Eu fiz um trabalho de concentração uma semana antes. Era
fundamental eu me manter tranqüila, senão eu ia colocar a perder anos de
estudos, como já tinha acontecido em outros certames. Por isso, ao invés
de me fechar com minha ansiedade como das outras vezes, eu fiz
diferente: saí falando para todo mundo que estava nervosa. E daí
surgiram conversas muito interessantes e tranqüilizadoras,
principalmente com meu marido. No dia da prova, meu pai e minha mãe
conversaram comigo sobre nervosismo, o que me acalmou também. Na semana
anterior à prova, eu procurei relaxar, ouvindo e cantando músicas que eu
gosto. Essas atividades me distraem e afastam os pensamentos negativos.
Além disso, eu voltei a fazer exercícios físicos um mês antes do
concurso para controlar a ansiedade.

*8) **Vicente Paulo:* Essa disciplina da sua área – Tecnologia da
Informação – costuma ser muito puxada em concursos, com um programa sem
fim. Como você se preparou? Existe alguma dica de material que você pode
repassar para os candidatos a uma vaga em algum concurso que cobre TI?

*Alessandra Requena:* TI é complicado. Não conheço livros específicos de
TI para concurso público. E pior: para certos assuntos, é difícil
encontrar qualquer bibliografia. Além disso, há conteúdos que são
altamente discutíveis e podem ser tratados a partir de diversas
abordagens. Ou seja, não se sabe que tipo de visão a banca vai cobrar.
Outro problema são os editais. São vagos e, a cada novo concurso,
aparece um assunto que nunca se ouviu falar. E, como você bem falou, TI
é um assunto sem fim. A saída é pensar que é difícil para todo mundo e
não se desesperar. Ninguém domina todos os assuntos de TI; isso seria
como dizer que um médico conhece todas as especialidades. A preparação
em TI, na minha opinião, é para um concurso específico, pois cada um
prioriza áreas distintas. Assim, se o objetivo é o TCU, é necessário
estudar muito gestão de TI. Se o objetivo é a Polícia Federal, estudar
redes e segurança de redes é fundamental.

Em relação a material, uma fonte para estudos são os livros acadêmicos.
No entanto, eles aprofundam demais o assunto, o que pode não ser
relevante para o cobrado em concursos. Mesmo assim, eles podem ser úteis
em uma preparação a longo prazo e devem ser escolhidos de acordo com o
concurso de TI que se vai prestar. A minha preparação envolveu o estudo
de alguns livros clássicos, tais como TCP/IP Illustrated Volume 1, do
Richard Stevens, Applied Cryptography, do Bruce Schneier, Redes de
Computadores, Organização Estruturada de Computadores, Sistemas
Operacionais Modernos, do Andrew S. Tanenbaum e Mastering Network
Security, de Chris Brenton e Cameron Hunt. A maioria desses livros foram
utilizados para preparação para a Polícia Federal. Outros materiais que
utilizei foram os elaborados por professores de cursinho (principalmente
a parte de gestão de TI), o RUP, muitas pesquisas na Internet e os
documentos oficiais de modelos de gestão de TI.

Uma estratégia que utilizei para facilitar o estudo dos temas de TI foi
fazer muitos exercícios de provas anteriores. É interessantíssimo para
mapear o que costuma ser pedido, como o é e qual a visão das bancas de
certos assuntos. Quando me deparava com questões cujo conteúdo era
desconhecido, realizava pesquisas na Internet sobre aquele assunto. E
assim acumulava os conhecimentos de TI.

*9) Vicente Paulo:* Eu costumo dizer que “o candidato leva mais tempo
para aprender a estudar do que para ser aprovado em um concurso”. Você
demorou muito a aprender a estudar? O que é mais problemático no início
da preparação?

*Alessandra Requena:* Acho que não tive problemas para aprender a
estudar. O curso superior que eu fiz me exigiu bastante estudo em curtos
períodos de tempo, logo, felizmente, não passei por essa fase durante
minha preparação. Talvez, uma dimensão de “aprender a estudar” que eu
tenha tido dificuldade foi a priorização do conteúdo. O que estudar
primeiro? Em que nível de detalhe? No início, eu queria saber todos os
detalhes de tudo. Com a experiência em concurso, a gente aprende a
distinguir o que é fundamental saber, o que é importante e o que é
diferencial. E aí, de acordo com o tempo disponível, podemos fazer as
escolhas corretas do que estudar. Outro ponto problemático no início da
preparação é pegar a rotina. Dá muita preguiça. Mas tudo é questão de
costume. Depois que entramos na rotina, aí tudo vai bem.

*10) Vicente Paulo:* Além das horas que você trabalhava no Banco
Central, quantas horas você estudava por dia? E nos finais de semana?

*Alessandra Requena:* Durante a semana, eu estudava, em média, sete
horas por dia. Nos fins de semana, umas oito horas. Mas eu pensava nisso
24 horas por dia! Essa quantidade de horas é a que eu ficava sentada na
mesa estudando. Além disso, no percurso casa-trabalho, que eu faço de
metrô, eu ouvia gravações feitas por mim dos “decorebas” da matéria
estudada no dia anterior ou lia algum texto.

*11) Vicente Paulo:* Ao longo da sua preparação para concursos, quais
foram os seus maiores acertos, aqueles pontos decisivos para a aprovação?

*Alessandra Requena:* Eu acho que o meu maior acerto foi estudar pelos
melhores livros. Eu sempre me preocupei com isso. Esse negócio de
estudar por apostilas é uma furada. Eu sempre procuro saber qual o
melhor livro para estudar determinada matéria. O estudo por tais livros
é sempre mais demorado, mas desenvolve o entendimento do tema e ajuda a
diminuir a quantidade de “decorebas”. Eles são importantes para adquirir
um conhecimento permanente. Outro aspecto que considero um acerto foi
sempre fazer resumos das disciplinas. Com eles, podemos revisar a
matéria rapidamente. Além disso, sempre procurei estudar mais o que eu
não conhecia bem. Isso amplia o domínio sobre a prova.

*12)** Vicente Paulo:* Agora, vamos inverter a pergunta, falando de
erros. Quais os erros cometidos por você durante a sua preparação?

*Alessandra Requena:* Um dos maiores erros foi a minha cobrança pessoal
de que eu tinha que passar de primeira, como se isso dependesse somente
de mim. Outro erro foi perder um certo tempo estudando por livros ruins,
especialmente as disciplinas de direito. Tive problemas também para
aprender o quanto aprofundar na matéria. Eu entrava demais no detalhe,
porém sem saber bem o básico. Devido a essa ânsia de saber o detalhe de
tudo, muitas vezes me deparei com questões simples, às vezes de pura
memorização, que eu não conseguia responder. Aprendi com isso e comecei
a dar prioridade ao básico. Depois de saber bem o básico, eu vou para o
que é detalhe. Mas, ainda assim, o detalhe não pode ser deixado de lado,
pois é diferencial em uma prova de concurso público.

*13) Vicente Paulo:* Você sempre estudou sozinha?

*Alessandra Requena:* Sempre. Não gosto de estudar em grupo. Acho que
cada um tem seu ritmo e sabe quais são suas lacunas de conhecimento. Nos
estudos em grupo, você não consegue atender esses dois aspectos
essenciais. Estudar em grupo, para mim, é somente para tirar dúvidas.

*14) Vicente Paulo:* Você fazia resumos das disciplinas, ou achava isso
perda de tempo? Que dica você daria para os candidatos sobre esse ponto
(fazer ou não fazer resumos)?

*Alessandra Requena:* Sempre fiz resumo. E o engraçado é que, enquanto
eu fazia o resumo, pensava que estava perdendo tempo. Mas foi muito
importante para a fixação do conteúdo. Eu tenho uma memória muito
visual. Escrever com canetas de cores diferentes e fazer esquemas me
ajudam muito a visualizar o conteúdo na prova. Os resumos são úteis
também para fazer revisão da matéria antes do concurso. Como, a cada dia
que passa, os concursos públicos exigem cada vez mais uma preparação a
longo prazo, como a que eu tive, não consigo imaginar essa jornada sem o
uso desse recurso.

*15) Vicente Paulo:* Durante a sua preparação, você fez muitos
exercícios, resolveu muitas provas de concursos anteriores? Que dica
você daria para os candidatos sobre esse ponto (fazer ou não fazer
exercícios)?

*Alessandra Requena:* Fiz muitos exercícios. Acho essencial para que a
pessoa saiba onde está pisando. Os concursos repetem o conteúdo, mas
cobrando-o de um jeito diferente.

*16) Vicente Paulo:* Eu sei que você fez alguns cursinhos preparatórios,
inclusive comigo. Como aproveitar melhor as aulas dos cursinhos? Que
tipo de cursinho você aconselharia no início e no término de uma preparação?

*Alessandra Requena:* Nunca fiz esses cursinhos presenciais fechados,
com todas as disciplinas do concurso. Não acredito nisso. Acho que não
tem qualidade e o candidato não tem tempo de acompanhar bem todas as
matérias. Sempre fiz curso por matéria. No início da preparação, acho
interessante pegar aquela matéria de peso na prova que a pessoa conhece
menos. E no fim da preparação, se estiver perto da prova e houver tempo
disponível, cursar aquela matéria de menor representatividade que não se
estudou ainda. Acho legal também, ao final da preparação, fazer curso de
exercícios, caso não tenha dado tempo de tê-los feito em casa.

*17) Vicente Paulo:* Você usou muito a /internet/ como meio de
preparação? Você tem alguma dica a dar sobre o uso da /web/ na
preparação para concursos?

*Alessandra Requena:* Claro! Eu não vivo sem Internet. O único cuidado
que eu tinha, que é fundamental, era verificar a fonte, pois tem muita
porcaria pela Internet.

*18)** Vicente Paulo:* Se, em vez de assumir o cargo de ACE no TCU, você
recebesse hoje a incumbência de orientar os estudos de um candidato que
está iniciando os seus estudos, quais seriam as suas orientações? (Fique
à vontade para escrever, pode escrever quantas linhas/páginas quiser,
acho essa pergunta uma das mais importantes desta entrevista).

*Alessandra Requena: *Primeiramente, eu diria para começar a estudar as
matérias básicas de quase todo concurso, como Direito Constitucional e
Direito Administrativo. Mas o faça por bons livros. Crie um cronograma
que mescle os estudos para essas disciplinas juntamente com o conteúdo
específico, para que a rotina de estudos não fique tão monótona. Dessa
forma, não dá tempo de se cansar de estudar determinada matéria. Eu acho
que essa mistura dá certo principalmente quando as matérias são bem
diferentes, que exijam um raciocínio distinto. Isso favorece mais horas
de estudo. Iniciar a preparação com foco nas disciplinas básicas, na
minha opinião, é uma boa estratégia para a preparação para concursos de
TI. Nós falamos anteriormente das dificuldades que é a preparação
específica para TI. Por esse motivo, os conhecimentos básicos são
diferenciais em uma prova desse tipo de concurso. Eu acho que é mais
garantido tirar uma nota boa nos conhecimentos básicos do que em TI. E
se o concursando for mediano nos conhecimentos específicos e for muito
bem nos conhecimentos básicos, ele estará dentro. As matérias básicas
são mais fáceis de estudar porque dispõem de muito material específico
de excelente qualidade, além de ótimos cursinhos preparatórios.

Outro aspecto que julgo importante é um planejamento de estudos a longo
prazo. Sei que esse planejamento normalmente não será seguido à risca,
mas ele ajuda na priorização das disciplinas. Pode-se chegar à
conclusão, já no início da preparação, que não vale à pena estudar
determinada matéria que tenha um peso pequeno na prova, por restrição de
tempo, por exemplo. E, uma vez feita a priorização inicial, trabalhe com
cronogramas de curto prazo, por semana.

Sempre comece a estudar o que se sabe menos. Faça cursinhos de matérias
totalmente desconhecidas para você. Esses serão os cursinhos mais bem
aproveitados; o investimento vai realmente valer à pena. E escolha bons
professores, aqueles que serão um diferencial na sua preparação.
Geralmente, o professor bom nunca é esquecido, porque você chega na
prova e lembra dele explicando aquela matéria.

Use bons livros. E, de preferência, livros específicos para concurso
público. Os livros específicos para concurso público são focados,
objetivos, economizam o nosso precioso tempo.

Esta próxima orientação eu aprendi com você, Vicente: se a pessoa está
determinada a passar em concurso, então se livre de tudo o que não vá
favorecer a aprovação. Se faz um curso de língua, mas isso não ajuda na
preparação, adie esse curso por um tempo. Use esse tempo para a
preparação. Vai fazer diferença.

Por último, é fundamental trabalhar o lado emocional. Pense que a
dificuldade que se está enfrentando é temporária e que vai acabar!
Encare essa fase como um investimento pessoal; leve a sério. Eu sempre
digo que o mais importante na preparação é disciplina e persistência. O
sucesso se conquista passo após passo, após vários insucessos. Às vezes,
olhamos para o nosso objetivo e achamos que está longe. Mas pode ter
certeza que dá para chegar lá.

*19)** Vicente Paulo:* E se essas orientações fossem para um candidato
que já está estudando há muito tempo, que acreditava que seria aprovado
em 2007, mas não foi? Quais seriam as suas orientações para esse
“recomeçar” em 2008?

*Alessandra Requena:* Eu já passei por isso. :) Mas, definitivamente,
essa situação não é um problema. Esse candidato está em vantagem, à
frente de muita gente. E assim ele tem que pensar. Você mesmo me disse
isso e eu nunca me esqueço. Certa vez, quando eu estava reclamando de
que estava cansada de estudar para concurso, que não agüentava mais,
você disse: “Alessandra, eu fico impressionado como uma pessoa bem
preparada e inteligente pode reclamar assim. Tem tanta gente que não tem
metade da sua preparação e está aí, firme e forte.”. Bom, eu não vou te
dizer que nunca mais me queixei, pois seria mentira. Mas, nos desânimos,
sempre me lembrava disso.

Então, uma orientação para o que está “recomeçando” é sempre lembrar que
não se estudou em vão, ele já está à frente de muita gente, muita gente
mesmo. Agora é a hora de aparar as arestas. Acho que é importante fazer
uma avaliação das disciplinas em que se está mais fraco. É importante
aperfeiçoar os conhecimentos nessas disciplinas, talvez até com um
cursinho específico, em nível avançado. É importante também revisar todo
o conteúdo das matérias que se domina, para não deixar cair no
esquecimento e, se for o caso, gabaritar a prova! E, por fim, fazer
exercícios. Muitos exercícios. Acho interessante, ao fazer os
exercícios, revisar concomitantemente a matéria que o exercício pede.

*20) **Vicente Paulo:* Sei que este pedido exigirá muito de você, mas
não posso deixar de fazê-lo, conto com a sua compreensão e
desprendimento. Você poderia fazer um resumo da sua história de
preparação, isto é, de como você se preparou para os dois últimos
concursos – Câmara dos Deputados e TCU (quantas horas de estudo
diariamente; quando descansava; qual a metodologia empregada; como
programava os estudos; como dividia o tempo entre teoria e exercícios;
quando fazia cursinho e quando só estudava em casa etc.)?

*Alessandra Requena:* Isso vai ser um “revival”. ;)

Bom, meu objetivo sempre foi o concurso do TCU, da Câmara ou de Perito
da Polícia Federal. Porém, eu tive que focar na Câmara e no TCU, pois o
edital da Polícia Federal demoraria a sair. Mas sempre tive preferência
pelo TCU.

Depois que comecei a trabalhar no Banco Central – em julho de 2006 –, eu
já tinha em mente que era fundamental continuar estudando, mesmo sem
previsão de editais desses dois concursos. Por causa da “bateção na
trave”, eu sabia o quanto era importante pensar em uma preparação a
longo prazo. E assim eu comecei, em agosto de 2006.

Eu fiz uma avaliação das disciplinas básicas que eu tinha dificuldade e
concluí que poderia melhorar muito em Direito Constitucional e
Português. Essa avaliação contemplou somente as disciplinas básicas por
causa das dificuldades relacionadas ao estudo de TI, como já
conversamos. Eu achei que seria um diferencial dominar as disciplinas
básicas e, ao sair o edital, me concentrar no que o edital pedisse de
conteúdo específico.

Então me matriculei no seu curso avançado de Direito Constitucional, que
acontecia uma vez por semana. Durante esses cinco meses de cursinho, de
agosto a dezembro, dediquei-me a estudar muito bem Direito
Constitucional. Nessa fase, a minha rotina não era pesada. Eu ia à aula
uma vez por semana e nos outros dias, estudava a matéria dada, fazia
resumo e exercícios. Era um total de umas quatro horas por dia. Esse eu
considero o melhor dos mundos. Eu estudava na semana a matéria dada em
aula, fazia um bom resumo daquilo e fixava com exercícios. Levava as
dúvidas para a próxima aula. Não precisava de grandes planejamentos. Eu
tinha o fim de semana para descansar.

Vencida essa etapa e com toda a matéria de Direito Constitucional na
ponta da língua, eu comecei um cursinho de Português. Isso foi em
janeiro de 2007. Estudava Português todos os dias também, fiz muitos
exercícios. Estudava um total de três horas diárias. Mas ainda tinha o
fim de semana para lazer.

Em fevereiro, ainda no curso de Português, comecei um curso de gestão de
TI para o TCU, que acontecia às sextas à noite e aos sábados à tarde.
Foi aí que minha rotina começou a ficar bem puxada. Logo depois, o
edital da Câmara foi publicado e eu tive que começar a fazer um
planejamento. Eu precisava estudar Regimento Interno da Câmara, Direito
Administrativo e as matérias específicas de TI. Eu visava ao TCU, mas se
eu passasse na Câmara ficaria muito feliz. O edital do TCU ainda não
tinha sido publicado e não havia previsão. Mesmo assim, eu tinha que
escolher qual dos dois concursos seria o meu foco principal. Optei pelo
TCU. Então, a minha estratégia era estudar para a Câmara, mas não queria
perder muito tempo com as matérias que só caíam na Câmara. Por isso,
tentei estudar mais o que era comum entre os dois concursos e dedicar
menos tempo às matérias contempladas somente no concurso da Câmara.
Então, fora os cursinhos de Português e TI, eu estudava das dezesseis
horas à meia-noite, em uma média de sete a oito horas por dia.

Sempre estudava em casa e sozinha. Gosto do conforto de casa, de poder
comer bem e, se tiver muito cansada, poder relaxar um pouco. A
alimentação é algo muito importante. Sempre tentei não descontar a
ansiedade na comida e procurei comer muita fruta e ter uma alimentação
saudável. Dessa forma, a gente se sente mais bem disposto para enfrentar
essa rotina pesada. Infelizmente, eu parei com os exercícios físicos.
Eles me tomavam muito tempo. Só retomei um mês antes do concurso do TCU,
pois achei que ia ser importante para o controle emocional na prova,
como de fato foi. Eu não passava muito tempo na academia. Eu corria
trinta minutos na esteira e voltava para casa renovada.

Então, voltando à rotina, em fevereiro de 2007, o cenário era o edital
da Câmara publicado e eu fazendo cursinho de Português e de Gestão de TI
para TCU. Estudava em média sete a oito horas diárias, inclusive nos
fins de semana. Nesse ano, parei todas as atividades extras que eu tinha
– curso de francês, academia e natação. E coloquei todas as minhas
energias em não bater na trave dessa vez... Nessa fase, o meu descanso
se resumia aos sábados à noite, que eu saía com o meu marido (mas sem
excessos, pois no domingo eu estava de pé cedo) e o almoço com a família
aos domingos, mas que não podia demorar muito. Só. Era muito cansativo,
mas quando dava aquele desânimo, eu lia umas frases de otimismo, tomava
um café e vamos embora!

A rotina: Eu acordava 6:30 da manhã e chegava no trabalho às 7:30. No
percurso casa-trabalho, de metrô, eu escutava as gravações da matéria
que estudei no dia anterior. Eu mesma gravava no MP3: pegava os
“decorebas” e lia em voz alta. No outro dia, ouvia tudo novamente para
conseguir memorizar. Às 15 horas, voltava para casa novamente ouvindo as
gravações. Nos dias em que não tinha cursinho, eu me sentava às 16 horas
para estudar, parava para lanchar por volta das 19 horas e retomava às
20 horas até a meia-noite. Nos dias em que havia cursinho, eu estudava
até umas 18 horas e ia para o cursinho. Aos sábados e domingos, eu
acordava às 8 horas e começava a estudar.

O estudo: Eu estudava toda a teoria de uma disciplina antes de passar
para os exercícios. Fazer exercícios sem saber bem o conteúdo é pouco
produtivo e altamente desmotivador. Por isso, só fazia exercícios depois
de estudar. Se não desse tempo de estudar, não fazia exercícios. Não fiz
resumo de todas as matérias. Eu fiz resumo daquelas matérias que eu
sabia que tinha que revisar depois. Mas, toda matéria que eu estudava,
eu fazia um “resumo decoreba”, pois tudo que estudamos tem uma parte de
memorização. Eu sou péssima nisso. Por isso, o que era de memorizar, eu
colocava no papel, fazia a gravação e pregava na parede lá de casa. Uma
hora tinha que entrar na minha cabeça.

O planejamento: Eu sempre fiz planejamento dos estudos. Confesso que
nunca consegui cumprir! Mas acho que foi importante conseguir priorizar
o que era mais importante. Às vezes percebe-se que não vai conseguir
estudar tudo de Direito Administrativo, por exemplo. Então, a saída é
estudar só os capítulos mais relevantes e replanejar a próxima semana.

Bom, fora tudo isso que eu falei, algo que foi importante na minha
preparação, inclusive por causa da particularidade de eu estudar para
dois concursos concomitantemente, foi fazer cursos on-line. Eu fiz
vários cursos on-line no Ponto dos concursos. E isso foi muito
importante para um bom planejamento. Eu podia estudar as aulas no melhor
momento, inclusive acumulando várias aulas para serem estudadas juntas.
É para onde caminha o mundo, você já percebeu? As coisas estão evoluindo
para serem assíncronas. Isso aconteceu com a comunicação, com o advento
do e-mail, virá com a televisão digital, e agora é uma tendência no
ensino. Dessa forma, eu consegui estudar algumas matérias que deviam ser
estudadas mas que não eram prioridade, sem muito impacto na minha
rotina. Um exemplo foi Regimento Interno da Câmara. Eu deixava acumular
várias aulas, umas quatro, e estudava todas de uma só vez, quando
sobrava um tempo no cronograma.

*21) V**icente Paulo:* O que você acha do Ponto? Que tal, agora, depois
desses seus estudos para vários concursos, você passar a integrar a
equipe de colaboradores do Ponto, a fim de repassar a sua experiência
para candidatos de todo o País? O convite está feito.

*Alessandra Requena:* O ponto dos concursos fez parte da minha história
de preparação para concursos. Tudo começou com os estudos pelos livros
de Direito, de sua autoria e do Marcelo Alexandrino. Depois, fiz o seu
curso de Direito Constitucional avançado e passei a conhecer o Ponto.
Fiz vários cursos on-line durante minha preparação, como Controle
Externo, Parecer, Regimento Interno da Câmara, exercícios de Direito
Constitucional e Administrativo. Como eu já falei, o curso on-line é
muito bom, pois permite estudar a qualquer horário. Para mim, um bom
planejamento de estudos para concurso público deve priorizar esse tipo
de liberdade, pois há muitos ganhos. E eu fico muito lisonjeada com o
convite. Integrar essa equipe de “feras” seria uma honra e poder ajudar
pessoas a conquistarem o que conquistei seria tornar a minha conquista
ainda mais perfeita.